sexta-feira, 7 de julho de 2023

É tetra! É tetra! Parte 2

 O livro 'Sapucaiense 2007: o improvável aconteceu' ganhou mais uma bela e merecida homenagem. Um evento muito importante e mais impactante quanto o ocorrido em Porto Alegre/RS. 

No último dia de junho de 2023, houve a festa de lançamento no Estádio Arthur Mesquita Dias, em Sapucaia do Sul/RS. Ou seja, na sede do Grêmio Esportivo Sapucaiense.

A ocasião contou a presença dos escritores Luís Felipe Fleck e Leonardo P. Cantarelli (este que vos escreve), de nove atletas campeões de 2007: o goleiro Eliandro, os laterais Gian e Gustavo, o zagueiro Dias, os meio-campistas Douglas T-Rex, Ivan,  Maicon Sapucaia e Evandro e o atacante Tiago Fernandes, além de dirigentes do clube (incluindo o presidente Milton Pinheiro) e do prefeito da cidade Volmir Rodrigues. Todos discursaram e se emocionaram.

Cantarelli e Fleck falando sobre a ideia de fazer o livro


O mais legal foi ver o momento dos nove futebolistas campeões relembrando fatos emocionantes daquela temporada (bons e ruins) e expressarem felicidade com o livro e o evento que rememorava àquela conquista.

Da dir à esq: Tiago Fernandes, Ivan, Dias, Gustavo, Evandro, Maicon Sapucaia, Gian e Eliandro. Jogadores campeões em 2007.


Em vários momentos, o nome do Chico Christianetti, ex-presidente do clube e falecido em 2020, foi exaltado como o principal responsável pela ascensão rubro-negra. O filho dele, Filipe Christianetti, muito emocionado, quase não terminou seu discurso.


Eu, o troféu e os livros.

Ao término do segundo lançamento fica a sensação de dever cumprido e também de felicidade ao ver o quanto as pessoas gostaram do livro e se sentiram felizes com a homenagem. Que venham mais eventos, homenagens, histórias e  no futuro mais livros ( 😀).


Imagens: Leonardo Cantarelli/Divulgação.

quarta-feira, 14 de junho de 2023

É tetra! É tetra!

 2023 ficará marcado na minha vida pelo lançamento do meu quarto livro, intitulado 'Sapucaiense 2007: o improvável aconteceu'. O primeiro que faço em coautoria com outro escritor. Neste caso, meu parceiro foi Luis Felipe Fleck, que foi dirigente do Sapuca e idealizador desta obra.


Lançamento do livro no Brechó do Futebol.


O projeto teve início em 2022, quando Fleck me procurou para realizar um sonho: escrever um livro. Ele é fã de futebol e literatura (há quase mil livros sobre esportes na sua residência) e me convidou a relatar a história do Sapucaiense em 2007. Eu aceitei na hora, pois, percebi que era uma lacuna a ser preenchida na 'biblioteca futebolística brasileira'.

Naquela temporada, o Rubro-Negro do Vale dos Sinos iria para o seu terceiro ano profissional e não havia grandes expectativas em relação a Segunda Divisão Gaúcha. Havia rivais mais tradicionais como Inter de Santa Maria, Pelotas, Ypiranga de Erechim e havia outros com altos investimentos como o Porto Alegre F.C., que pertencia ao Assis, ex-jogador, irmão e empresário do Ronaldinho Gaúcho.

Fleck, Centeno, Jucemar, Maicon Sapucaia e Cantarelli. Nas pontas, os autores, no meio os ex-jogadores e o Santiago à frente!


Dias antes de iniciar a competição, o Grêmio Esportivo Sapucaiense sofreu um baque: o empresário Carlos Diefenthaler se desentendeu com a diretoria e levou seus jogadores embora. Ou seja, boa parte do elenco que fez pré-temporada deixou o Estádio Arthur Mesquita Dias. Com isso, a comissão técnica, liderada por Cirio Quadros, precisou recorrer aos jogadores das categorias de base para evitar um W.O. A diretoria conseguiu junto com a Federação Gaúcha de Futebol, adiar o jogo da estreia e houve mais tempo para remontar o time. 

Alguns reforços foram chegando e o time foi dando liga. Passou para a segunda fase. Surpreendentemente chegou ao Octogonal Final. Nesta etapa, brigou até o final pelo inédito acesso. Não só o conseguiu, como foi campeão. Pela primeira vez, o Sapucaiense estava na elite do futebol gaúcho. Pela primeira vez, o Sapão era campeão! 

Capa do livro.

Este livro traz relatos de bastidores, curiosidades, estatísticas da campanha, além de pesquisa em jornais da época. Houve, claro, entrevista com boa parte dos jogadores que estiveram na conquista, com dirigentes e integrantes da comissão técnica, além de jornalistas que cobriram aquele histórico título.


O lançamento ocorreu no dia 9 de junho, no Brechó do Futebol, em Porto Alegre/RS. O evento contou com os escritores, ex-jogadores, agregados e torcedores do time. 


Quem quiser um exemplar da obra, entre em contato comigo por aqui ou pelo wpp: 51 994018209.

Por fim, quem quiser conhecer mais o acervo literário esportivo de Luis Felipe Fleck , acesse a página do Instagram: @bolaeprosaoficial .


Imagens: Arquivo Leonardo Cantarelli/Divulgação.


domingo, 24 de outubro de 2021

Novo livro: 'Sandro Sotilli: de Rondinha para o mundo'

 

 24/01/2008- Era uma quinta-feira rotineira, como qualquer outra, em Porto Alegre/RS. Um dos atrativos da capital gaúcha, seria o jogo Internacional  x Veranópolis, pela segunda rodada do estadual. Foi uma vitória protocolar dos Colorados por 2 a 0. Os gols foram anotados pelo veterano Iarley e pelo jovem Ramon.

Na equipe pentacolor, um dos destaques era o experiente Sandro Sotilli. Ele já havia atuado pelo VEC, em 1996 e era uma das atrações do clube em 2008. Sotigol retornava após 3 anos no México e um título da Copa Gaúcha pelo Caxias. 

É claro que com toda a concentração na partida e a lamentação pelo revés, Sotilli não tinha como imaginar que nas arquibancadas do Beira-Rio estava um estudante de jornalismo, prestes a se formar, e que seria o autor de sua biografia. O rapaz fazia um rápido estágio no SIMERS (Sindicato Médico do Rio Grande do Sul), mas aspirava a carreira no jornalismo esportivo. E claro, um dos sonhos, era publicar um livro.

O futuro jornalista também não imaginava que o destino o reservaria escrever a bela carreira de Sandro Sotilli. Até pelo fato, que naquele período, o 'Alemão Matador' ainda não tinha começado a construir a sua idolatria, no Pelotas. Foi vestindo o manto do Áureo-Cerúleo, com suas histórias no sul do estado (dentro e fora de campo), que chamou mais a atenção do já agora jornalista formado (e com diploma).

13 anos e meio depois daquela noite (que seria a primeira vez, mas não a única, que o periodista viria Sotigol, no estádio), ambos novamente estariam no mesmo local, mas juntos, lançando o livro: 'Sandro Sotilli: de Rondinha para o mundo'

Sandro e o jornalista que vos escreve buscando o livro na gráfica Kunde em Santa Rosa/RS. Imagem: divulgação.


O livro, contaria o antes de 2008: a infância em Rondinha, os tempos em que se preparava para ser Irmão Marista, o início no Ypiranga de Erechim, as vitoriosas passagens por Juventude, 15 de Campo Bom e Glória de Vacaria. Além de suas atuações pela China e pelo México. E o pós-2008, onde veio toda, a já mencionada, passagem vitoriosa pelo EC Pelotas, os bons momentos pelo E.C.Passo Fundo e pelo Marau F.C. e a vida pós-carreira, onde se tornou um ícone nas redes sociais e um símbolo da cultura gaúcha.

Houve lançamentos em Rondinha, Pelotas, Passo Fundo, Porto Alegre e Vacaria. Em todos, houve muita celebração e festa ao maior artilheiro da história do Campeonato Gaúcho.

2021 ficará marcado para mim, como o lançamento do meu terceiro livro (e uma das obras mais importantes da minha vida) e para Sotilli, por ter toda a sua trajetória descrita e registrada em uma publicação (feita pela Editora Bradamente Livros).

domingo, 1 de março de 2020

Um dia inesquecível para mim e para o tênis de mesa brasileiro

Ser o autor que escreveu o livro do Biriba é um fato que levarei com orgulho por toda a minha vida. Foi um prazer imenso escrever o livro. Entrevistar, pesquisar e ir atrás de documentos e fotos. Conhecer e aprender.

O lançamento do livro foi muito bom pela troca de experiência com o público. Pessoas do tênis de mesa que foram prestigiá-lo. Pessoas que viajaram mais de 6 horas só para ir ao evento (sim, teve).
Eu e Biriba no stand do lançamento do livro
Crédito: arquivo pessoal/Leonardo Cantarelli

Também apareceram amigos de infância do Biriba, amigos dos tempos de faculdade e palmeirenses que ouviram falar do Biriba, através de familiares. Esteve presente no evento, senhores de idade que testemunharam, como espectadores, o histórico feito dele em 1958!

Havia crianças por perto que queriam saber mais sobre ele. Queriam saber quanto custava o livro. Se os troféus estavam à venda (risos).

Houve aqueles, mais de um, que perguntaram se eu era filho do Biriba. Teve aqueles que queriam saber o motivo de eu escrever o livro e se eu era jogador de tênis de mesa.

Enfim, um dia divertido, com novas amizades e que levarei como recordação para o resto da vida.

Agradeço a todos que compareceram e também à Sociedade Esportiva Palmeiras por ceder a sua sede social.

sábado, 26 de janeiro de 2019

O primeiro de muitos!

2019 ainda está no começo, mas já realizei um sonho de infância. Lançar um livro.

Desde criança dizia para todos que quando crescesse seria escritor. Esse dia chegou. Como é boa a sensação.

Queria uma publicação que fizesse alguma diferença. Algo que deixasse um legado. Uma invenção de história, embora seja penosa e existe um esforço grande para isso, não é mais difícil que pesquisar algo e buscar documentos que estão escondidos 'por ai'. Entrevistar ex-jogadores. Ver o que lembram da viagem. Dos jogos. Lá se vão 22 anos do acontecido.


'1997: o ano em que a Europa conheceu o Grêmio Sãocarlense' veio para ser o primeiro de muitos.

Eu me lembro dessa época que diziam da excursão do Grêmio pela Europa. Disfarçado, supostamente de Grêmio de Porto Alegre. Que jogou com grandes clubes europeus. Fico honrado em saber que anos depois tive o prazer em desvendar alguns mistérios sobre essa tour. Nem tudo deu para ser esclarecido, infelizmente. Mas uma boa parte sim. Relatar a memória de alguns dos viajantes é importante.

No entanto, estamos aqui para realizar nossas metas e objetivos. Um passo eu já dei.  Ajudando o clube e a cidade em que vivi muitos anos. Uma forma de retribuir todo o meu carinho por São Carlos e pelo Grêmio Sãocarlense.

Uma forma de dever cumprido. Que seja o primeiro de muitos!

O autor

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Quando o aniversário vira um pesadelo!

Deveria ser só mais um sábado qualquer na rotina de um grupo de amigos. Estavam todos reunidos em um bar aproveitando a noite. Bebendo para soltarem as besteiras habituais que não tem coragem de falar quando estão sóbrios. O propósito é posteriormente colocar a culpa no pobre álcool.

No entanto, aquele período noturno foi bem mais marcante do que se poderia prever. Era sabido que naquela data se comemoraria o aniversário do Edir. Certamente ele apareceria em algum momento no recinto. Este seria o ápice daquele fatídico final de semana.

A noite estava agradável. O céu estrelado e o clima ameno servem de motivação para as pessoas saírem de suas residências em uma folga.

Passaram-se alguns bons minutos e eis que Edir chegou ao bar. Estacionou sua moto, atravessou a rua e foi direto à mesa, onde estavam os seus companheiros. Alguns já o parabenizavam por mais um ano de vida. Enquanto era saudado, o aniversariante pede um minuto de todos e faz um convite:

"Como todos lembraram hoje é meu aniversário. Vamos lá para casa comemorar. Comprei bolo, refrigerante e cerveja. Vamos passar a noite lá. Vai ser louco."

A aceitação foi unanime. Pediram a conta no bar e se mandaram para o domicílio de Edir. A empolgação era tanta que pelo celular avisaram outros amigos sobre a mudança do local do rolê. 

Todos chegaram ao destino combinado.Havia mais de 30 pessoas! Tinha uma retardatária que só apareceria no final. Mas depois falaremos deste ser.

Edir vivia sozinho. Uma casa simples, porém aconchegante. Ao adentrar a residência já estava na sala. Nela havia uma mesa com o bolo de chocolate. Os convidados embriagados já foram na geladeira atrás da cerveja. Havia várias!

Após cada um estar com a sua lata em suas respectivas mãos e próximo da mesa foi dado início ao famoso 'parabéns'.

O canto era empolgante e em voz alta. Embriagados, faziam trocadilhos pornográficos com a letra.

Enquanto terminavam a homenagem, se ouviu uns barulhos na porta. Alguém batendo com força.Inicialmente ninguém dava ouvidos. Na sequência bateu mais e mais forte. Silenciando o 'coral'.

Um dos convidados foi atender. Era uma vizinha de Edir. Já idosa. 

"Por favor, gente. Já passou da meia-noite! Eu quero dormir. É muito barulho. Mais respeito com os vizinhos.Silêncio!"

Crédito:http://ideiaclip.blogspot.com.br/2011/05/desenho-de-bolo-de-aniversario.html


Os visitantes estavam aceitando a ordem da senhora, quando o anfitrião da casa foi, com rispidez e 'sangue nos olhos' em direção a porta. Apontou o dedo indicador no rosto da anciã e com uma voz grossa e raivosa proferiu:

"SILÊNCIO O CARALHO!!!! Quinta-feira tinha gente na sua casa até altas horas da madrugada, com música alta e não me deixando dormir!!! Eu tinha que trabalhar no dia seguinte. Hoje é meu aniversário e não vai ter silêncio PORRA NENHUMA!!!."

A agressividade de Edir assustou os presentes. Ninguém esperava uma reação inflexível e odiosa. Já a idosa não se intimidou e respondeu ao aniversariante:

"Olha como fala comigo!! Você está exagerando quanto a quinta-feira. Vieram apenas os meus familiares e ficaram pouco. Se você tivesse sentido algum incômodo que viesse falar comigo. Como estou fazendo agora."

Edir retruca:

"Por acaso tem conversa com você? Claro que não. Pois, você acha que manda aqui. Que manda no mundo, né? Esta festa não vai parar mesmo! Se acha ruim o problema é seu."

Em um dado momento, dois convidados seguram Edir e tentam puxá-lo para dentro de casa com medo que ele agredisse a pobre velhinha.

No entanto, Edir queria briga. Bate-boca. A velhinha não se entregava. 

Um dos amigos do aniversariante o questiona:
"Vai parar? Acalme-se."

A resposta do anfitrião foi positiva. O problema é que enquanto soltavam Edir apareceu um casal que morava ali próximo e veio ver o que ocasionou o barraco.

A senhora contou ao dois seres o episódio e explicou que o rapaz estava alterado. 

Edir escutou e novamente, aos gritos, começou a ofender a velha:

"VAI SE FODER!! Você acha que manda no mundo, né? Sua folgada!"

O casal se intromete na discussão e a mulher inicia uma reclamação a Edir e sem querer coloca mais 'fogo no circo'.

"Edir, todo mundo te conhece faz tempo e conhece essa senhora. Sabemos que ela não é de fazer essas coisas. Se teve festa na quinta-feira não nos incomodou. Foi tudo tranquilo. Tudo normal."

Edir, inspirado, não deixa barato.

"Vai tomar no seu cu. Se não te incomodou é problema seu. Agora some da minha casa, pois ninguém pediu a sua opinião."

Em seguida, o próprio aniversariante 'lacra'a porta na frente dos três. O esposo da mulher ofendida se mostrou irritado com o desrespeito a sua cônjuge e proferiu palavras obscenas ao próprio Edir.

Edir, claro, retrucou.

No entanto, enquanto tudo parecia tender a se acalmar se escuta um barulho. Era o rapaz, marido da mulher que foi ofendida, que tacou com muita força  uma pedra em um vitrô na casa de Edir.  Foi com tanta raiva que quebrou o vidro. 

Em seguida, um outro barulho. O mesmo marido atirou uma outra pedra e quebrou ainda mais o vidro.  Felizmente a pedra não acertou nenhum dos convidados. Àquela altura estavam todos com a adrenalina alta e temendo o pior.

O valentão e dono da casa, já com a noção do perigo perdida, abriu a porta e os chamou de volta. Os três estavam próximos da calçada.  

"Ô seu bosta, vai quebrar o vidro da casa da sua mãe. Me pega aqui se você é homem!!"

Aquelas frases mexeram com o brio do rapaz que se sentiu intimado e com a masculinidade posta em dúvida. No entanto, a senhora e a outra mulher tentavam segurar o rapaz, enquanto os convidados evitavam que Edir saísse da residência.

Enquanto isso acontecia, apareceu um outro vizinho. Um senhor de meia-idade. Apareceu armado. Com uma espingarda!

Aquilo assustou a todos. O tal ser colocou a espingarda em pé, sustentada pelo chão e fez uma ameaça: 

"É o seguinte. Ou para isso agora ou a situação vai piorar! Meu pai sofreu um infarto esses dias e não pode ter perturbação. Ele já acordou, está assustado com os gritos e com os barracos. Espero que eu não tenha que dar um fim nessa história."

A intimação fez todos ficarem em silêncio. Quase. Edir tentou proferir algumas palavras, mas um dos convidados pôs a mão na boca e impediu que o infeliz ofendesse o cidadão armado.

Em seguida, o homem armado se retirou e agradeceu a compreensão de todos. Aos restantes foi selado um acordo de paz. Os vizinhos voltariam para as suas respectivas casas e os convidados saíram do local. Não havia mais clima para festividade.

 Enquanto cada um iria para seu respectivo veículo, Edir teve um surto e começou a gritar no bairro.

"AINDA VAI TER VOLTA!! VOCÊS FERRARAM COM O MEU ANIVERSÁRIO. QUE O DIABO CARREGUE TODOS VOCÊS PARA O INFERNO."

Edir havia extrapolado qualquer limite de civilidade. Isso fez com que um dos convidados, alto e mais forte o segurasse por trás e desse um mata-leão. Ali foi uma intimação para que ele encerrasse o assunto.

"Edir ou você cala a boca ou eu te apago. Escolhe."

O aniversariante preferiu o silêncio e o empurraram para um dos carros.  O combinado era que iriam se encontrar em um posto de gasolina.

Chegaram ao local e alguns, no meio daquela confusão toda, lembraram de pegar as bebidas e inclusive o bolo!!  Sentaram no chão mesmo, comeram e beberam até o fim da noite.  A adrenalina já havia diminuído e alguns já começavam a comentar e rir de toda a situação. 

Lembram no início do texto que informei que havia uma convidada atrasada? Então, quando esta apareceu,se assustou ao ver uma senhora, um carro de polícia e a casa do aniversariante vazia e com o vitrô quebrado! Chegou no final de todo o barraco.

A motorista do veículo foi até onde estava a autoridade e perguntou sobre o ocorrido. A velhinha, que resolveu chamar a polícia, após o incidente explicou.

"Menina, você não soube? Seu amigo ficou fazendo festa até altas horas da noite, eu fui pedir silêncio e ele quase me bateu. Acordou toda a vizinhança! Quer saber mais? O policial inclusive disse que encontrou drogas ilícitas, acredita?"

A garota ficou incrédula com o que tinha escutado. Não imaginava que tudo isso havia acontecido.Em seguida recebeu uma mensagem no celular de um dos convidados informando aonde estavam. Ela achou melhor ir encontrar os amigos. 

Obs: história inspirada em fatos reais.

sábado, 7 de outubro de 2017

A fila, a subida, a corneta, o tiozão e a derrota

Prólogo: Para cada 10 pessoas que se pergunta se gostam de ficar em uma fila, as 10 irão dizer que odeiam. Muitas ficam entediadas, perdem a paciência, querem entender porque a fila não anda, pensam nos compromissos que tem a fazer ainda no mesmo dia e etc.

Óbvio que comigo não é diferente. É terrível estar nessa situação.

No entanto, em uma viagem minha, ao estar em uma fila interminável, eu acabei me divertindo. Muitos fatos curiosos aconteceram. Claro, virou história para o blog!!

Confira:
Toda viagem que faço para uma cidade grande não pode faltar, no meu roteiro, uma ida para um estádio de futebol.De preferência com jogo. Visitar uma cancha quando não tem partida é igual ir para um salão de festa sem festa.

Quando estive no Rio de Janeiro o principal evento futebolístico que iria ocorrer era Botafogo x Vitória, no Nilton Santos, pelo Campeonato Brasileiro. Inicialmente a peleja estava agendada para as 11h. Depois passou para as 16h. O que é ótimo. Jogo pela manhã, aos domingos principalmente, deveria ser crime inafiançável. Exageros a parte...lógico que eu iria para o Engenhão, independente do horário. Cheguei a receber o convite de 3 pessoas (uma delas não pode ir).

Fui ao local do confronto, de carona com um amigo meu jornalista, Plínio.

Carro estacionado no setor norte do Engenhão, o periodista indicou-me onde era o setor leste para encontrar uma minha amiga (Aline) com quem também havia combinado de ir ao jogo.Naquele momento, ela, sócio-torcedora, através das redes sociais, me comunicou que já estava dentro do estádio. Plínio ficaria no setor destinado aos jornalistas.

Eu, caminhando, fui comprar o meu ingresso. Ali iniciou um calvário. Não só meu, como de muitos botafoguenses que queriam incentivar o Alvinegro no duelo contra os baianos.

Os organizadores pediram para formar uma fila.Fila formada e estava enorme!
Fila!


Um sol de rachar e uma fila quilométrica para encarar. O relógio anotava 15h50. Faltavam dez minutos para o árbitro mandar a bola rolar.Claro que percebi que iria perder o início do duelo. Já me conformei. Estava 'preso'na fila e querendo saber em que momento eu iria adquirir o meu passaporte para adentrar em mais uma cancha na minha vida.
Mais fila!
Como manda a tradição, toda fila imensa tende a não andar. Aquele sol de rachar, as pessoas em pé e nada de fluir o movimento. No local em que eu estava, só via um monte de fardas do Alvinegro e nada de enxergar as bilheterias. Para trás, via mais cabeças e não via o final daquilo. Vai saber quantos metros estava aquela aglomeração de gente.

Não demorou para que a impaciência tomasse conta geral do público.

- Porra, 'mermão', que horas nós vamos entrar? Que merda!

O trecho acima foi repetido, com algumas mudanças no vocabulário, várias vezes.

Poucos minutos depois, aparece um torcedor que vinha do começo do 'engarrafamento', tentando convencer um por um a desistir de assistir a partida.

-Se eu fosse vocês, voltava para casa! A fila não anda. Tem bilheteria fechada e está tudo enrolado lá na frente. Eu não vou ficar aqui. Façam o mesmo!!

Poucos desistiram da batalha. A maioria ficou.

Confesso que eu fiquei na dúvida sobre qual decisão tomar. Entretanto, para voltar, ficaria difícil e caro. Também pensei que possivelmente poderia não ter a chance de retornar ao Engenhão tão cedo. Outra situação é que de fato eu nunca havia estado em uma fila tão grande para um jogo de futebol. Soube de algumas situações apenas pela TV. Por fim, a curiosidade de saber em qual momento eu conseguiria 'cruzar a fronteira' foi mais um argumento que me fez seguir plantado ali por uns bons minutos.

De repente se escuta gritos vindos dentro do Estádio. Logo todos tentam identificar. Foi gol? Gol de quem? Um pergunta para o outro. Outros consultam o celular para saber se já havia a informação. Até que foi noticiado que os soteropolitanos haviam feito 1 a 0 com David.

Tristeza no lado de fora. Eu recebia mensagem do povo de dentro me informando do tento rubro-negro. Respondia dizendo que ouvi os gritos que vinham do Nilton Santos.

Na sequência, um grupo de botafoguenses atrás de mim inicia um papo de torcedores.

- Será que vamos perder hoje? O Roger é desfalque até o fim do ano e depender do Brenner vai ficar difícil.

- Esse Brenner jogava bem no Inter. Fazia muitos gols lá.

-Mas o Inter tem o D'Alessandro na armação das jogadas. Até eu faria gol.

Alguns minutos depois, ouve-se novamente um grito vindo da cancha. Todos tentam identificar o que é.

Sim, gol de empate. Quem fez? Brenner.

- Brenner! nunca critiquei.

A frase acima foi dita pelo adepto que o difamou e que não confiava nele.

O cotejo já estava nos 25 minutos.

Na fila, algumas pessoas estavam cada vez mais impacientes. Procuravam sinal de internet para acompanhar o jogo em algum tempo real, outros tentavam sintonizar em rádios e alguns saiam da fila para procurar uma TV que transmitisse o jogo.

Quem estava adorando aquele tumulto eram os ambulantes. Aproveitavam para tentar lucrar um pouco mais.

Uma jovem passava com o seu isopor no ombro e anunciava:

-Olha a cerveja gelada! Geladinha. Alguém vai querer?

Pouco depois, ela se aproxima de mim e oferece o produto etílico e eu em tom de brincadeira, respondo:

- Eu quero ingresso. Não tem?

Ela apenas sorri.

Eu até estava com vontade de tomar cerveja. No entanto, 'breja' dá vontade de urinar e se isso acontecesse eu estaria encrencado, pois sozinho na fila perderia o meu lugar. Então, não podia usufruir desse luxo.

Enquanto isso, em mais uma roda de botafoguenses o assunto foi o vice-campeonato da Copa do Brasil do Flamengo dias antes. O goleiro Alex Muralha foi eleito o vilão do revés, pois nas cobranças de pênaltis pulou todas pelo lado direito. Além de ter sido displicente e mostrado muitas vezes para o batedor, em qual canto se jogaria. Uma estratégia de jogo como definiu o arqueiro após a derrota no Mineirão para o Cruzeiro.

- Aquele Alex Muralha é muito ruim. Que horrível. Pulou do mesmo jeito e no mesmo canto!

- Comemorei aquela derrota como um título. O Flamengo não podia ser campeão. Não merecíamos isso.

-O Flamengo é um time que tem, em toda a sua história, apenas um ídolo. Zico. Vive disso até hoje.

-Concordo, já nós temos vários e vários ídolos.

-Não só temos vários, como o maior jogador da história do futebol jogou no Botafogo. Garrincha.

- Sim. Sem dúvida (umas 4 pessoas concordaram).

- Mas o melhor do mundo não é o Pelé? (se atreveu um deles a discordar)

-Pelé, o CARALHO (a ênfase foi grande). Ele só ganhou três Copas do Mundo, porque tinha um time todo de craques. O Garrincha em 62 ganhou sozinho aquela Copa.

-Que Pelé, o que. Pelé o meu pau (isso dito por uma menina!)

Já se passava dos 30 minutos da etapa inicial quando um torcedor pegou o celular e começou a gravar um vídeo pelas redes sociais, mostrando todo o descaso. Aos gritos, ele protestava:

- Olha isso aqui! Que vergonha, hein, diretoria? O pessoal do marketing, da gestão, não podem deixar isso acontecer. O jogo em andamento e essa fila imensa. Todos aqui pelo Botafogo!!

Ele passou com o celular próximo a todos as 'vítimas', inclusive a mim e eu dei um 'tchauzinho' (se alguém achar a publicação me avisem).

Na minha frente, havia um pai com um casal de filhos. Todos fantasiados de botafoguenses. As crianças (não deviam ter mais que 12 anos) lamentando o fato do Botafogo não mandar mais os jogos na Ilha do Governador (onde a família residia e era mais perto para ir) e sim no Engenhão. Por ser mais próximo de onde viviam, conseguiam comprar os bilhetes com antecedência. Disseram que nunca tinham passado por isso antes.

O relógio mostrava que a partida estava por volta dos 40 minutos. O local onde me encontrava na fila já estava próximo da bilheteria. Por ali, um cambista passou me oferecendo ingresso (com policiais por perto).

O relógio que dizia aos torcedores quantos minutos perderam na fila. Eu entrei um pouco depois das 16h42


- Ô jovem, não quer um ingresso agora? Vendo por R$60,00.

Neguei, pois achei muito caro para ver apenas o segundo tempo.

-Então cobro R$50,00. O que acha?

Novamente disse que não queria. Em seguida, ele foi embora, pois o próximo valor mais baixo que ele iria fazer já era o que ia pagar para entrar.

Um dos momentos de mais alivio foi quando um segurança me chamou e falou para eu escolher uma das cabines para esperar a minha vez de adquirir o meu ticket. Sai da fila única e escolhi a cabine 10.

Depois de uns 5 minutos finalmente chegou a minha vez de comprar o ingresso!! Uma inteira.

Nem acreditei quando peguei o ingresso. Aquela mistura de felicidade com alívio foi tanta que comemorei com pessoas ao meu redor: 'CONSEGUI. CONSEGUI. VAMOS LÁ, PESSOAL!! VAMOS CONSEGUIR ENTRAR'.  Todos me cumprimentavam e felicitavam-me.

Fui em direção ao setor leste superior. Coloquei meu ingresso na maquinha para validar a minha entrada. Vale ressaltar que fui revistado por uma mulher. Não me recordo disso ter acontecido outra vez na minha vida.

Em seguida olhei para a tal leste superior e vi o quanto ainda teria que subir para chegar lá. A subida era igual aqueles estacionamentos de 4 ou 5 andares de shopping. Só que subir tudo a pé. Confesso que deu um desânimo. Mas fui.

Subi, subi, subi....e cheguei!Vi o gramado vazio. O jogo ainda estava no intervalo. Agora a terceira e a última missão: achar a Aline.

Era nítido ver o quanto de pessoas ao meu redor estavam procurando seus amigos e ao olhar tanto para cima como para baixo se notavam seres no celular, tentando apontar para um e para outros onde estavam.

O que me incomodou no Engenhão é que os setores que separam umas fileiras de cadeira de outras era muito estreito. Não dava para passar.

Tentava manter contato com a minha amiga e ela tentava me dizer em que local da arquibancada ela estava. Quem disse que eu a achava? Tentava ligar e só caia a ligação.

Nesse período, foi possivelmente o único momento em que eu de fato perdi um pouco a paciência. Não acreditava que ainda tinha que passar por isso.

Enfim, tentei ligar pela terceira vez e a chamada rendeu! Era o celular numa orelha e a mão na outra. Para abafar os gritos da torcida, pois os jogadores já voltavam do vestiário.

-Olha, Léo, eu estou te vendo.Eu estou umas fileiras mais abaixo de onde você esta. Você está com uma roupa cinza e com a mão na orelha.

-Isso, mas eu não estou te vendo.

- Estou aqui (nesse meio tempo os gritos da torcida já incomodavam bastante, enquanto Aline descrevia o lugar em que estava).

- Ok, vou tentar achar.

- Aqui...vem para cá...mais para cá, você está chegando.

Nisso, saiu pênalti para o Botafogo.Gritaria geral nas arquibancadas.

No entanto, foi nessa hora que consegui avistar minha amiga. E fiz aquele pedido chato em um momento importante do jogo. Licença para chegar até o meu assento. Sorte que havia um vago perto da Aline. Ai tive que passar espremidamente por umas 5, 6 pessoas. Constrangedor. Sentei. Antes de cumprimentar minha amiga, saiu o gol de empate.

Gol é gol. Comemorei! Tinha um tiozão do meu lado que eu o abracei!!Na hora da comemoração, umas das coisas mais legais é abraçar quem você não conhece. Compartilhar uma felicidade com um desconhecido. Momentos que só um gol pode proporcionar.

Após cumprimentar minha amiga e por brevemente o papo em dia, começo a olhar o jogo (eu nem sabia direito o que estava acontecendo).

O tal do tiozão que falei acima era a grande figura da arquibancada. O 'coroa' tinha o cabelo grisalho, uma barriguinha que é normal de quem está na meia-idade, camisa simples, bermuda e chinelo. Bebia, fumava e cornetava os jogadores. Seus principais alvos eram o lateral-direito Luis Ricardo e o meio-campista Leo Valencia.

-Ei, Jair (técnico) coloca o Jéfferson (goleiro reserva) na lateral-direita! É muito melhor que esse Luis Ricardo.

- Não vai tirar esse Luis Ricardo, não? Até quando vamos aguentar ele?

De repente, o ala pega a bola e parte para o ataque. Finta um atleta do Vitória e eu escuto:

-Isso, Luis Ricardo. Tu é bom!

O lateral passa por mais um adversário e novamente escuto:

-Luis Ricardo tu é bom!! tu é bom.

Fominha, o ala tenta driblar um terceiro e perde a bola. A corneta surgiu:

-Luis Ricardo tu é bom....tu é um bom filho da puta!!!!

Risos gerais.

-É, ué. Ninguém deixa eu terminar de falar (rindo sarcasticamente)!

Enquanto o jogo seguia, o tiozão chama um menino (no máximo 10 anos) próximo a ele e pergunta:

- Qual é o seu time?

-Botafogo!

-Viram (tentando falar pras pessoas próximas a eles)! Botafoguense. Ele era flamenguista!! flamenguista!Eu o converti pro Botafogo!!

Posteriormente, o tiozão pega mais um cigarro. Eu, em tom de brincadeira, pergunto se ele estava muito nervoso com o jogo.

- O Botafogo sempre me deixa assim. Hoje já foi um maço de cigarro!

Parecia que ele ia advinhar o que ia acontecer e quem seria um dos carrascos daquela tarde.

-Olha o Léo Valencia...com esse tamanho (pequeno) querendo partir para o ataque. Assim não dá. Esse anão não vai resolver o jogo.

O chileno tem 1,68 m.

Novamente, Leo Valencia pega a bola e tenta ir para o ataque, pela linha de fundo.

- Olha ai, ele tentando de novo! Vai, vai....e não foi...perdeu a bola.

Eu quando estou viajando e vou a um jogo sempre fico torcendo para o time anfitrião. Troco de time por 90 minutos. É pela diversão. Gosto disso e nunca tive problemas.

Não recordo exatamente o que houve em uma jogada do Alvinegro e eu cornetei um atleta e disse:

- O que foi isso? Meu, não dá para fazer essa jogada!

De repente, o tiozão vira para mim e pergunta:

-Tu é 'paulixta'?

Fico surpreso e respondo que sim.

Ele ri e explica:

- Tu disse a palavra 'meu' e deu para perceber. Carioca não usa esse termo. Qual time você torce?

Respondi que para o São Paulo.

Em seguida, ele traga o cigarro, ri sarcasticamente e me fala:

- Ano que vem vai jogar a segunda divisão!!

E seguiu rindo.

Eu, no meio de uma torcida toda botafoguense, apenas fiquei com aquela cara de tacho.Não podia ter outra reação.

No final da peleja houve uma tragédia. Um final de história triste. André Lima, com um passado bem identificado com o Glorioso, empata a partida aos 44 minutos.

Dois minutos depois, Leo Valencia revida uma falta sofrida por Ramon e acaba expulso. O tiozão claro, ficou bravo, com a atitude do chileno.

Aos 49 minutos, Danilinho anota o dele, o terceiro do Vitória e o que garantiu o triunfo do Rubro-Negro.

Para tristeza geral no Engenhão. Uma tragédia. Um momento chato de presenciar em estádios é a derrota de um time mandante. Fica um clima de velório.

O tiozão se despediu de mim e foi embora.

Assim como na entrada, a saída era a mesma. Logo descer todo aquele labirinto.Já na parte de fora do estádio escutava alguns comentários.

- Não acredito que perdi um churrasco pra vir aqui e ver o Botafogo perder.

-É a segunda vez que uso essa camisa do Botafogo em dia de jogo. Dois jogos e duas derrotas. Agora vou deixá-la guardada.

-Tem coisas que só acontecem com o Botafogo.

Sim, a última frase foi dita. Eu escutei esse chavão.

Mesmo com o placar ruim para os cariocas, foi legal ver aquele 'mar de gente' vestindo as cores Branco e Preta da equipe de General Severiano. Pessoas jovens e velhas. Muito marcante em uma cidade onde a maioria é torcedora do Flamengo.