terça-feira, 4 de julho de 2017

Encontro da galera? Só em velório?

Geraldo aproveitou o horário de almoço do trabalho para resolver assuntos pessoais. Após passar no banco e em algumas lojas, já retornando para o local de seu emprego, encontrou um antigo amigo em uma praça da cidade.

Foi cumprimentá-lo, pois havia algum tempo que não o encontrava. Entretanto, esperou Luiz terminar de falar no celular. Estamos na era em que os telefones móveis são prioridade em nossas vidas.

Passados alguns minutos:

- Geraldo!! Quanto tempo!! Voltou pra cidade? Dá um abraço!

- Luiz, como você está?? Sim...voltei.... estava sem emprego e arrumei um por aqui.

- Você falou emprego? Acabei de arrumar um!! Estava no telefone acertando os detalhes. Já fazia um tempo que estava desempregado.

- Meus parabéns!! Ninguém merece ficar desempregado. Senta aí, vamos conversar. Tem tempo?

- Um pouco. Vamos aí.

Enfim acomodados, colocaram as novidades em dia. Começando pela fisionomia de ambos, que, embora se reconhecessem, já estavam com cabelos grisalhos, barbas mal-feitas, óculos e até uns quilos a mais em relação ao período da adolescência onde formaram uma grande amizade.
Crédito: divulgação 

- Geraldo, esse banco aqui lembra muito aquele perto de casa onde a galera se reunia para trocar ideia, não acha?

- Sim (risos). Dá aquela nostalgia. Todo fim de semana era 'lei'se encontrar naquele banquinho.Você ainda costuma sair à noite?

- Sim. Menos que antes. O círculo de amizades é menor, a galera não tem muito tempo para sair e sem grana fica difícil. E você?

-  Quando dá eu saio sim. O foda hoje são as ressacas. Muito piores que quando éramos adolescentes. Antigamente bebia e no dia seguinte era só uma dorzinha de cabeça que logo passava. Hoje é dor de cabeça, de estômago e vômito. Dura um dia inteiro!!! Tem que escolher quando beber para não se prejudicar no trabalho. Mas o pior é a ressaca financeira. Quando vemos a carteira vazia e temos que conferir o quanto sobrou no banco. Essa ressaca é terrível e demora meses para passar", opinou Geraldo.

- Pode crê (risos).

Durante a prosa relembraram alguns causos de quando eram jovens. Lembraram do período em que suas preocupações eram baladas, conhecer bandas e músicas (algo difícil atualmente pelo pouco tempo que tem. Ouvem mais ou menos os mesmos grupos de 20, 30 anos atrás), viagens (que se tornaram raras em tempos de crise e desemprego) e outras 'futilidades' da adolescência. 

-  Ah, Luiz..faz tempo que você não tem notícias do João, do Joaquim, do Zé, do Lúcio ou qualquer camarada daquela época? Tem encontrado com algum deles?

- Tenho contato deles no Facebook e no Whatsapp, mas nem nos falamos.Sei que teve uns que casaram mais de uma vez, outros moram fora do país, um ou outro ficou rico. Sei que tem gente que vive na rua. Mas não acompanho muito eles nas redes sociais. Nem sei o que postam e pensam.

- Eu também.

-  A última vez que vi todos esses caras, mais uma galera daquele tempo, foi no velório do Abel. Isso há três anos. Foi a última vez em que estava quase todo mundo reunido.

- Pois,é. Isso é um sinal de que estamos velhos. Encontrar toda a galera agora só em velório. Quem diria!? Antes juntar o povo e ir pra balada, bar ou fazer um churrasco na casa de alguém era fácil. E era uma época que não tinha internet. Hoje tem que combinar com antecedência para todos poderem ir. Se forem. Não é simples! Uma pena o velório ser o modo mais fácil de encontro de uma turma.

- Bem, observado Geraldo. Viu, preciso ir agora. Você tem meus contatos, vamos combinar uma hora de sair.

- Valeu, cara. Bom te ver. Preciso voltar ao trabalho. Vamos combinar sim. E que não fique só no papo. Vamos arrumar um tempo. Pra se divertir. Não um velório! Um abraço. 

- Abraço.

Obs: história inspirada em fatos reais




Um comentário:

  1. A vida é dinâmica. Devemos aproveitar o melhor de cada etapa. Infelizmente, o afastamento dos amigos é inevitável, mas é oportunidade de aprendizado. Aprendamos.

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