sábado, 8 de outubro de 2016

Uma banda chamada Made In Brazil- 2002/16

Por volta dos meus 14 ou 15 anos, época que eu estava começando a curtir rock n' roll, resolvi aprender a tocar contra-baixo. O motivo foi pelo fato de todo mundo querer aprender guitarra (alguém tem que' pagar de diferentão'). Já bateria, penso eu, exige muita coordenação (o que nunca foi o meu forte).


Como baixista nunca dei certo. Um pouco péla falta de maturidade para dedicar-se ao instrumento e também por não levar jeito para 'a coisa'.

No entanto, passei a apreciar muito o som de 4 cordas (principalmente solos) e a visão muda depois que passamos a estudar música.

Nesse período da adolescência, todas às quintas-feiras tinha aula com o professor Paulonez, onde conheci muitas bandas.

Uma delas foi o Made in Brazil. Me recordo dele colocando o CD no rádio (bem diferente dos tempos atuais que tudo é no PC) e eu achando o máximo aquela banda formada em 1967 fazendo um rock n roll com pitadas de blues. Típica banda 'old school'.

Paulonez sempre teve um grande coração e após eu dizer que adorei a banda recebi o CD, por empréstimo, para poder ouvir por algumas semanas.

Viciei no som!!

Era uma coletânea com as melhores músicas do grupo paulistano. Estava sempre escutando 'Jack, o estripado', 'Anjo da Guarda', 'Tudo bem, tudo bom', 'Uma banda Made in Brazil', 'Minha vida é rock 'n rol' e etc...

Um som 'simples' com letras engraçadas. Não tem porque não gostar do grupo brasileiro mais antigo em atividade (até onde se sabe)!



Em 2002, véspera da final da Copa do Mundo (pentacampeonato do Brasil. Vitória dos comandados de Felipão sobre a Alemanha por 2 a 0), vi o Made In Brazil ao vivo.

O evento ocorreu no SESC São Carlos. Um lugar bom e onde se fica próximo do palco. Tendo uma boa relação banda-público.

Todos os clássicos da banda foram executados e os integrantes foram muito simpáticos e bem-humorados. Naquele dia soube , através dos próprios durante o show, que tiveram um CD gravado nos anos 70, que foi censurado pela ditadura militar e estariam lançando somente naquele período (saiu em 2005). Logo o Made in Brazil, uma banda com letras engraçadas e que falam do cotidiano passarem por essa situação. Tudo porque qualquer dúbia interpretação ou a capa poder parecer uma crítica, já tem o trabalho censurado pelo governo. Há quem ainda queira a volta da ditadura, mas isso é outro papo.


CD censurado pela ditadura militar

Enfim, foi uma noite bem agradável.

Os anos se passaram e segui curtindo mais rock n' roll. Dia 8 de outubro terei a oportunidade de ver o Made In Brazil novamente. Desta vez, mais velho (eu), podendo ouvir de novo em um outro momento da minha vida, creio que escutarei com 'outros ouvidos e aproveitarei mais'.
Mas sabendo também que certamente o público será diferente. Um pessoal mais voltado a filmar e fotografar o show e postar nas redes sociais do que curtir as músicas. Isso eu lamento e acho triste essa mudança .Enfim...espero ter bom proveito de uma das melhores bandas tupiniquins e que me fez gostar logo de cara!


Créditos da fotos: divulgação

sábado, 1 de outubro de 2016

Quando fui a Las Piedras-URU com um canadense ver futebol!

Durante a minha primeira semana em Montevidéu conheci um canadense que estava tentando a vida de jogador de futebol no Uruguai. Já era março  e o norte-americano estava no sul da América desde janeiro. Inicialmente, atuou pelo Danúbio e depois passou pelo Juventud. Apenas testes. Sem acerto, Alexis retornaria ao Quebec na próxima semana.

Na sexta-feira a noite, o até então lateral-direito me chamou para assistir a partida entre essas duas equipes pelo Campeonato Uruguaio. Seria sábado a tarde no Estádio Parque das Artigas, pertencente ao  Juventud.

Por volta do meio-dia almoçamos  em um bar de peruanos que era vizinho ao hostel onde estávamos hospedados e na sequência fomos para um ponto de ônibus. Embarcamos e Alexis começou a falar de sua vida no Canadá e seus hobbies. Um deles era colecionar músicas. Tinha seu Ipod onde havia 'trocentas ' músicas. A maioria rap e hip-hop. O questionei se tinha alguma canção  brasileira e a resposta foi: `Sim, tenho Michel Teló`. Parei ali mesmo....

Depois falamos de futebol, onde ele adorava contar sobre a Major League Soccer dizendo que será a maior liga das Américas em breve e também o quanto gostava de jogadores brasileiros. Conhecia vários, principalmente os que atuavam na Europa. Especialmente na Espanha onde assistia  La Liga.


A conversa fluía e eu me dei conta que não chegávamos nunca ao estádio.  Perguntei por qual motivo demorava tanto e Alexis me explicou que o Juventud não era de Montevideu e sim de Las Piedras, uma cidade próxima a capital uruguaia. Explicado, mas eu não sabia que estava indo para outra cidade.

Passado mais alguns longos minutos chegamos ao destino. Me surpreendeu a precariedade da cancha. Muito simples, parecendo de times de terceira divisão estadual...para menos.

Alexis já era conhecido do clube e por isso entramos sem pagar.Estava muito sol e lá não tinha área coberta. Não levei protetor solar.
Alexis e eu já no Parque das Artigas


Me assustou e poderão ver nas fotos a precariedade das cabines de imprensa.Quase não existiam. Conversei com um jornalista que estava lá e ele se mostrava envergonhado com tudo isso: `Um país bicampeão do mundo ainda ter estádios assim (precários)'.
Parte da acomodação da imprensa no Parque das Artigas 

Banheiros


Apesar disso, eu estava gostando muito de estar lá. Não só porque gosto de futebol, mas a simplicidade tem suas vantagens. É tudo menos burocrático. Mais sincero e menos artificial. Diferente das grandes arenas. Comidas baratas e vendidas em churrasqueiras elétricas. Coisa simples, que traz mais alma ao estádio e menos `glamour`.Muita gente em pé vendo o jogo, pessoas humildes podendo frequentar o estádio. Isso é bem legal.
Lanchonete!


Equipe do Juventud


Não ficamos até o fim do jogo. Após a terceira insistida de Alexis, fomos embora na metade do segundo tempo. Sei que o Danúbio venceu os anfitriões por 3 a 2.

Voltamos de tardinha para o hostel e eu todo queimado do sol!! Me recordo de pessoas perguntando se eu tinha ido à praia. Disse que sim. A Punta del Este. Uma senhora acreditou. Depois desmenti,claro.

A noite, eu e Alexis saímos para jantar e na sequência fomos comprar frutas. O canadense era econômico e sabia os lugares em que vendiam os produtos mais baratos. Ele queria comprar uma maçã e andamos altas horas da noite atrás do supermercado que queria ir. Depois Alexis  confessou que andamos muito, pois se perdeu no caminho (risos).

No domingo, ainda batemos uma bolinha. Conheci um pouco sua habilidade no futebol e ele a minha falta de habilidade. Na segunda-feira ainda teve uma despedida e na terça voltou para o norte da América.

Este foi um dos grandes amigos que fiz nesta viagem. Alexis segue jogando futebol semi-amador pelo FC Lanaudiere em sua cidade natal e atualmente cursa educação física na Universidade MC Gill.

Crédito das fotos: Leonardo Cantarelli/Arquivo pessoal