Como todo amante de futebol vibrei muito com a conquista do Anilado. Afinal, era um pequeno desbancando o favoritismo de um time grande e poderoso. O maior campeão do estado e que havia faturado as últimas seis edições.
Passado os debates, as parabenizações e as zoeiras nas redes sociais fui dar uma corrida. Enquanto fazia o exercício físico veio na minha mente: 'A camisa do Novo Hamburgo!! Cadê? É hoje que tenho que vesti-lá! '
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Achei!! Créditos: Leonardo Cantarelli |
Enquanto cumpria meu objetivo diário (quase, vai), ficava pensando em que lugar estaria o manto sagrado anilado. Em qual parte da casa estava guardada a camisa da equipe de 106 anos? A atual detentora do principal título do Rio Grande do Sul.
Meu primeiro ato ao retornar à minha residência foi procura-lá. É curioso que quando vamos atrás de um objeto achamos vários outros, mas não o nosso alvo.
Eu vi camisa do Farroupilha de Pelotas/RS, do Independente de Limeira/SP, da Seleção do Japão de 19 e bolinha (uma relíquia) e nada da peita do Alvianil.
Eu a queria. Queria estar trajado com o uniforme do time do Vale do Sinos. Mesmo no frio, desfilar com a camisa e falar para as pessoas: `Vejam só o meu time foi campeão`.
Mesmo que ninguém acreditasse, entenderiam a piada.
Depois me peguei pensando em como certos pertences comuns podem virar o centro das nossas atenções. Nosso ouro do momento.
Fui presenteado com esta camisa pelo meu tio Jorge (casado com a minha tia de sangue, Maritza) em 2007 ou 08. Não recordo a data exata. Ele é oriundo desta cidade fundada por alemães.
Claro que gostei do regalo.Sempre cuidei com carinho. Com o passar do tempo, a usei para ir na academia, correr e para ficar em casa. Não era a melhor roupa que tinha para baladas, por exemplo.Era apenas uma blusa no meu guarda-roupa.
De repente, quase dez anos depois de recebê-la eu a quis de qualquer jeito. Virou ouro. Queria e quero mostrar para todos que tenho o manto do inédito campeão gaúcho.Ela vale e muito agora! Não é apenas mais uma no meio de tantas roupas.
Entretanto, com quantos pertences nossos não fazemos o mesmo? Quantas coisas guardadas temos que não demos importância e amanhã de repente pode ser a nossa obsessão?O que será que devemos preservar e cuidar com carinho e o que será que podemos descartar?
Aquilo que ganhamos lá atras será útil/agradável uma década depois?
Nessa história de colecionar itens, apegos e desapegos, o que vale ou não a pena guardar?
Após mais de 20 dias, em uma bela manhã, depois de despertar fui ao meu vestuário trocar de roupa e ao abri-lo encontro o meu novo e velho xodó!! Sim de forma inesperada (já a dava como perdida) ela estava lá dentro. Na minha vista!! Apareceu!! Fiquei feliz! Igual uma criança que ganha presente. Ou um adulto que recebe salário!
Onde estava antes? Não sei. Suja e esperando para ser lavada possivelmente! E foi.
Por fim, fica aqui a lição de darmos sempre o melhor valor possível a um objeto! Amanhã pode valer ouro!